Milagres e fatos extraordinários
São incontáveis os fatos prodigiosos e
milagres estupendos operados por José de Anchieta em terras brasileiras.
Citemos apenas alguns deles, para nossa
edificação e para sentirmos sua presença inefável ainda nos dias de hoje.
Todo o tempo de que dispunha, ademais do que
dedicava a Deus e á Santíssima Virgem, consagrava-o a catequizar os índios e
moralizar os colonizadores.
Tinha todos os dias horas marcadas para falar
com eles do bem de suas almas e ensinar-lhes a doutrina cristã.
Dizia-lhes que havia outra vida, o prêmio para
os bons e castigos para os maus, especialmente para os homicidas e os comedores
de carne humana. E muitos evitaram cometer esses pecados, após sua pregação.
Missionário providencial
Certo dia, percorrendo os precários caminhos
de então, José resolveu entrar pelo
mato. Deparou-se com um índio de idade muito avançada, sentado ao pé de uma árvore.
Ao ver o padre, o índio começou a dizer: “Vem, vem depressa, que há muito aqui
te espero!”
Anchieta perguntou-lhe de onde era o que
buscava. Ele respondeu que vinha em busca do bom caminho e da vida direita.
Ao fim de um breve diálogo, certificou-se de
que aquele homem não tinha em toda sua vida cometido nenhuma falta grave contra
a lei natural e acreditava na existência de um Autor da natureza que criou as
coisas visíveis e invisíveis.
E Anchieta, depois de o ter instituído, tirou
água de uns cardos silvestres e batizou aquele índio, dando-lhe o nome de Adão.
Assim que recebe o sacramento, o novo cristão elevou suas mãos e olhos e deu
graças ao Senhor de tudo, e depois a José, que lhe havia proporcionado o que
tanto ansiava. Em seguida, entregou sua alma ao Criador.
Restituindo a saúde dos enfermos
Notável foi o caso de uma
índia que dera á luz a uma menina moribunda. Nesse momento chegou José, pegou-a
e sem mais delongas, batizou-a. No mesmo instante a criança reviveu. Deu-lhe o
nome de Maria e a entregou para seu pai, Guirabuçu. Este caso deixou os índios
admirados.
Espantoso foi o caso de Maria da Costa. Ela
perdera os sentidos pelo incômodo doloroso de uma criança que apodrecera nas
suas entranhas, entrando em agonia por causa disso. Os sinos começaram a tocar
avisando de sua morte iminente, em meio ao pranto de seus parentes. José entrou
na casa, afastou os parentes e, pondo-se em atitude de oração, pendurou ao
pescoço da moribunda um relicário que trazia consigo. E ordenou: Ninguém chore aqui enquanto eu vou lá fora.
Após um breve espaço de tempo, a mulher lançou de si a criança morta. Abriu
os olhos, retomou as cores e a saúde. E vivas e aclamações se fizeram ouvir em
meio ao contentamento geral.
Um milagre encantador
Em uma aldeia do Espírito
Santo, chamada São João, havia um menino mudo que nunca pudera pronunciar uma
palavra sequer, embora ouvisse muito bem
o que os outros falavam. Houve ali uma grande festa e muitos habitantes dos
lugares vizinhos vieram dela participar.
Num dos jogos, o vencedor tinha como prêmio um
ganso. Mas, dois competidores declararam-se vitoriosos. Como estivesse presente
o padre José, pediram que ele decidisse a questão. Ele mandou chamar o menino
mudo para que decidisse quem deveria ganhar o ganso.
O suspense se estabeleceu. A solução do caso
dependeria da palavra de um mudo. Chegando o menino, José mandou que ele desse
a sentença e... qual não foi o espanto de todos quando o mudo disse claramente:
O ganso é meu, portanto ele deve ser entregue a mim para que eu o leve á minha
mãe. Alegraram-se todos com a resposta e pelo benefício singular que Deus tinha
feito aquele menino.