quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Inauguração do Marco da Paz em caraguatatuba



Inauguração do primeiro Marco da Paz da Diocese de Caraguatatuba, na Catedral Divino Espírito Santo. O segundo monumento será inaugurado em Ubatuba no dia 28 de outubro, dia do aniversário da cidade, juntamente com a nova imagem de São José de Anchieta, na Praia do Iperoig, próximo a matriz Exaltação da Santa Cruz, às 10h.



       

                                                                     




terça-feira, 23 de setembro de 2014

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Você conhece a história do tratado de PAZ?

4 de setembro - Um Tratado de Paz para selar o Encontro


conflito de interesses que marcou a chegada e o encontro entre portugueses e tupinambás no século XVI, teve uma trégua importante no cenário da conquista, graças à mediação diplomata do padre José de Anchieta e Manoel da Nóbrega. O papel dos jesuítas foi crucial, mas não no sentido que aponta a história tradicional. Eles conseguiram promover o famoso Tratado de Paz, que segundo a tradição, selou-se no dia 14 de setembro de 1565, na antiga aldeia de Iperoig, hoje cidade de Ubatuba.

Entretanto, esse Tratado não redundou no propósito de convivência harmoniosa almejada pelos apóstolos da Companhia de Jesus. Os Tupinambás ou Tamoios da região - diz Anchieta nas suas Cartas - estavam dispostos a negociar porque a configuração das alianças estava mudando no contexto da guerra. A Confederação dos Tamoios era aliada aos conquistadores franceses que os proviam com a exuberância das armas e espadas; vestes e ferramentas podendo negociar estes utensílios pelo pau - brasil. Por outro lado, os portugueses eram aliados de seus arquiinimigos os tupiniquim, considerados traidores vicerais da causa tupi, isto é, da causa fiel aos ancestrais da tribo. A paz nesse sentido, era almejada pelos tamoios para continuar guerreando e poder comer esses velhos inimigos em um ato sagrado de sacrifício, estes haviam triunfado sobre os tupinambás mais de uma vez aliados aos dominadores portugueses.

Anchieta e Nóbrega chegaram de barco a Iperoig para as negociações, foram rodeados de canoas e deram de cara com Coaquira, chefe da aldeia que os hospedou como embaixadores de paz. Iperoig foi o sitio das assembléias que ouviu as queixas contra os portugueses: atrocidades, traições, incêndios, intrigas e capturas de índios tratados a ferro de escravos. No meio dessas discussões Anchieta se retira e escreve na areia da praia, o célebre poema à Virgem Maria, segundo conta a lenda. O relevante deste episódio são as circunstâncias em que o poema foi concebido, no ritmo bárbaro da luta entre a fé e o instinto, transparecendo a angústia do conflito que motiva o evangelizador.
Aimberé, o líder da Confederação, sucessor de Cunhambebe que havia morto por causa de uma epidemia, trazida pelos europeus e que dizimou grande parte dos índios, viaja para a Capitania de São Vicente, enquanto
Anchieta e Nóbrega ficam cativos em Iperoig. Mais tarde este último também viaja para o centro das negociações em Piratininga, onde sela o acordo de Paz com Aimberé e as autoridades portuguesas. A partir de então, iniciam-se expedições libertárias dos índios cativos em fazendas ou engenhos da época. De volta a Iperoig, Aimberé se depara com a figura de Anchieta engajada entre os seus, catequizando e ensinando ofícios aos habitantes da aldeia:agricultura, pecuária, alimentação e saúde, ganhando com isto o respeito de toda a taba de Coaquira. Assim, Anchieta após cumprir sua missão volta a São Vicente.

Um breve tempo de paz veio após a assinatura do Tratado de Iperoig. Os índios tornaram-se mais exigentes, na troca de produtos, dando inicio a um novo processo de importações e exportações, receberam teares e gado que ajudaram no progresso econômico das aldeias. No entanto, os portugueses romperam o acordo de pacificação que durou pouco mais de um ano, sujeitando novamente ao trabalho escravo os índios. A guerra começou justamente onde tinha terminado, em Iperoig com a invasão das duas aldeias de Coaquira, uma vez morto o velho guerreiro, levaram os sobreviventes ao cativeiro. Os tamoios não cederam a essa quebra do Tratado, mas Men de Sá entrou com todo o poder de fogo tingindo este episódio de sangue, daqueles que foram chamados pelo jesuíta missionário de "filhos da terra".

Este é o pano de fundo desse Tratado de Paz que se celebra o dia 14 de setembro em Ubatuba, uma saga que coloca o município como cenário do primeiro Tratado das Américas.


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Por Juan Droguett e Jorge Otávio Fonseca, autores do livro Ubatuba - espaço, memória e cultura (2005) - ACE Ubatuba